sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O Puxa Saco

Gornilábio até que era um cara simpático, tratava a todos com educação, era atencioso, mas, era portador de um gravíssimo defeito, de uma terrível falha, ele era um baita bajulador, um puxa-saco de carteira assinada.
Apesar de sua notória fama, ele negava peremptóriamente a pecha que todos lhe imputavam, afirmando sempre que apenas procurava ajudar a todos, mas se esses “todos” eram seus superiores hierárquicos, isso não passava de mera coincidência.
Mas, as suas bajulações eram de fato escrachadas, entendendo-se de chefes de posto até o chefe do núcleo, inspetor Duralino, que por sinal, não se cansava de elogiar o comportamento do subalterno a quem considerava um policial competente, assíduo e dedicado.

O fato de Gornilábio em suas folgas fazer faxina, aparar a grama, lavar o automóvel e levar os netos do chefe ao cinema, era considerado apenas delicadeza na opinião do mesmo.
             A vida seguia e o nosso Gornilábio continuava em sua rotina, embora sentindo-se bastante chateado com as gozações dos outros colegas que a cada dia aumentavam mais, culminando com o apelido colocado pelo gozador mor do núcleo : “baba ovo”.
Ai a dose foi alta demais e Gornilábio durante uma reunião presidida pelo chefe, pediu a palavra para defender-se, jurando que jamais fora um puxa-saco, bajulador ou coisa desse tipo, e tudo o que fazia, era movido apenas pelo seu espírito de solidariedade. E para provar o que dizia, resolveu fazer uma confidência: em todo o núcleo, composto por mais de setenta pessoas, ele só considerava, gostava e respeitava duas criaturas.
- Imediatamente o inspetor Duralino perguntou:
- Quem são essas pessoas Gornilábio?
- A primeira é o senhor meu inspetor.
- E a segunda?
- A segunda... a  segunda... a  segunda... bem inspetor, a segunda é a que o senhor mandar.
É mole ou quer mais?