sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

POLICIAL RODOVIÁRIO AUTOENTUSIASTA

POLICIAL RODOVIÁRIO AUTOENTUSIASTA

Fotos: Arnaldo Keller

"Museu" do posto da PRF em Uberaba, vendo-se o Fiat 147 à esquerda e o Fusca, bem à direita

Foi na viagem a Araxá para o 20º Encontro Nacional de Carros Antigos, com o Arnaldo, num Bravo T-Jet. Depois de acabar a via Anhangüera, em Igarapava, e cruzar a divisa com Miinas Gerais, atravessando a ponte sobre o Rio Grande, entra-se na BR-050 em direção a Uberaba, para daí pegar a BR-262 para Araxá..

Cinco quilômetros antes de Uberaba , no km 195 da rodovia, vimos a imagem que está na foto de abertura deste post, um Fusca (na extremidade direita da foto) e um Fiat 147, com cores e insígnia da Polícia Rodoviária Federal, estacionados no canteiro central defronte do posto da PRF. "Que legal, na volta vamos parar para fazer umas fotos", eu disse para o Arnaldo, que estava dirigindo. E assim foi.

Voltando de Araxá no domingo (10/6) de manhã, paramos. Dirigi-me ao policial de serviço enquanto o Arnaldo começou a fazer fotos. Detalhe: nada de "não pode, aqui é área de segurança", como tanto se vê por aí, na mais bizarra manifestação de "otoridade".

Me apresentei, disse ao policial que se chama José William, inspetor PRF, quem éramos e em que trabalhávamos. Expressei-lhe nossa admiração de ver aqueles dois carros policiais – viaturas, no jargão do órgão – expostos ali, e ele contou o por quê daquilo:

"Foi para mantermos esse acervo. Os carros estavam guardados em um depósito em Belo Horizonte, sem cuidados. Pedi e o superintendente da PRF autorizou trazê-los para cá, isso em 2005. Colocamo-los onde estão exatamente para ficarem visíveis.

Encostada junto ao posto há também uma motocicleta Harley-Davidson Electra Glide 1976 da PRF, que José William disse ter usado bastante anos atrás.

O inspetor José William na Harley-Davidson Electra Glide e Bob

O Fusca é 1974 e foi produzido especialmente para a PRF. A evidência disso está no fato de neste ano-modelo já haver as meias-luas de saída de ar da cabine após as janelas laterais traseiras e nesse caso terem vindo sem, para possibilitar a montagem da grande antena do rádio transceptor.

Fusca 1300 1974, note onde a antena do rádio transceptor é fixada, impossível se fosse um carro de série normal

O Fiat 147 é 1979 e tem motor 1300, que correspondia ao GLS, mas foi também produção especial para polícia, de acabamento simplificado. Tanto ele como o Fusca foram premiados no Encontro Nacional de Carros Antigos de Araxá, o Fiat em 2008 e o VW, no evento anterior, em 2006 (o Encontro é bienal).

O Fiat 147 1300, também repousando defronte do posto da PRF

A Harley está um pouco acabada, mas uma restauração seria simples. Mostrei para o Arnaldo como era o esquema da sirene, que era acionada por contato com o pneu traseiro mediante um pequeno pedal acionado pelo calcanhar esquerdo.

A sirene (seta verde) era acionada por pedal, que a fazia encostar no pneu traseiro

No bate-papo com o inspetor, disse-lhe que tive contato com as Harleys de polícia desde menino por ter um tio que era da corporação Polícia Especial, no Rio de Janeiro, então capital federal. Ele se chamava Paulo Amaral (faleceu em 2008 aos 84 anos) e, alem de policial, era instrutor do Corpo de Motociclistas. Costumavam fazer exibições de habilidade, como esta no Estádio do Maracanã:
Exibição no Estádio do Maracanã, o tio Paulo Amaral na frente (foto de arquivo pessoal)
O inspetor então contou, para nossa surpresa e admiração ainda maior, ser presidente do Clube do Automóvel e Moto de Uberaba, e que promove provas de arrancada. Mais, chegou a fazer um dragster com motor de motocicleta. Um verdadeiro policial rodoviário autoentusiasta!

O inspetor José William contou que é comum todo dia viajantes pararem para fazer fotos e colher informações. "Como atividade de relações públicas da Polícia Rodoviária Federal, funciona muito bem", disse.  "É uma maneira saudável e natural de população conhecer melhor o nosso trabalho que, afinal, é para ela mesmo", completou, orgulhoso e com razão, o inspetor autoentusisata.
É bastante comum viajantes pararem para fotografar
É justamente o que está fazendo falta nesses tempos de vigilância quase que exclusivamente eletrônica, em que o contato com policial, seja para uma orientação ou para uma educativa – de verdade – bronca deveriam continuat a fazer parte do sistema policiamento de trânsito, como sempre foi.

Essa parada e a conversa no posto da PRF em Uberaba foi outra parte gratificante da viagem a Araxá.

fonte: autointusiastas