O inspetor Cloridério, era o que se po-dia chamar de um chefe legal, queapesar de rigoroso no serviço, estava sempre pronto a colaborar com as iniciativas de lazer de pessoal do núcleo, que rotineiramente promovia almoços, jantares, excursões e as indefectíveis peladas entre casados e solteiros, que eram realizadas no fim do ano, no carnaval e na época das festas juninas.Seu lema era: trabalhem direito e contem com o chefe para prestigiar as “bagunças sadias”.E por ser um chefe porreta como dizia Eufrônio, um PRF oriundo da Bahia, era querido por todos os componentes do núcleo, dos zeladores até seu substituto o velho inspetor Gambiteiro, um coroa esperto, capaz de dar nó em pingo de éter.
Certo dia, Eufrônio e Gambiteiro propuseram que se promovesse um grande almoço em homenagem ao chefe cujo aniversário deveria ocorrer em breves dias. A idéia foi aceita por unanimidade, ficando acertado que Gambiteiro se encarregaria de comprar três cabritos, que assados seriam transformados no prato principal da festança.
No dia e hora marcados, estavam todos biritando na Barraca da Juruba, conhecido pé sujo da periferia de Magé, a mesa já posta, quando chega o inspetor Cloridério que sob aplausos e vivas, sacou do bolso uma folha de papel almaço e tomou lugar à cabeceira.Imediatamente Gambiterio levantou-se, dirigiu-se ao aniversariante e falou:- Querido chefe, esta é uma festa informal, por favor, queira guardar o seu discurso, e primeiro beba umas manguaças com a gente.
Cloridério, olhos esbugalhados, mãos trêmulas e voz embargada sapecou:
- Que discurso, que manguaça que nada pô! Pegue este papel, escreva o nome de todos os presentes e arrecade dez cruzeiros de cada um, que é para pagar os cabritos que você afanou, cabra safado!