sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Honestino 171

Honestino 171

Luiz C. Rangel

Honestino, apesar da ironia do nome, era o que se podia classificar como legítimo "171", o tipo de cara esperto, fiel seguidor da "lei de Gerson", que levava vantagem em tudo, tão esperto, mas tão esperto, que era capaz de "dar nó em pingo de éter", já que em pingo d’água, ele considerava moleza demais.

Sempre bem trajado, unhas feitas, sapatos impecavelmente engraxados e, uma educação que a todos impressionava e cativava, pelo modo sempre correto de portar-se, de falar e de agir. Quem não o conhecesse, jamais poderia imaginar que se tratava de um dos maiores trambiqueiros sobre a face da terra e o "asfalto das estradas".

Não pagava nem promessa, muito menos dívida, o que, quase levou à loucura um companheiro de Juiz de fora, que acreditando em sua lábia, foi seu fiador na compra de TV, geladeira, som e fogão, os quais teve que pagar face ao "beiço" aplicado pelo nosso Honestino.

Certa feita, o 171 foi a uma agência de automóveis localizada em Areal, onde os "espertos" vendedores o convenceram a comprar um "excelente" carro batido, ruim de motor e com podres camuflados com massa plástica, compra esta efetuada com três cheques pré, no valor de CR$ 1.500,00 cada. Após fechar o negócio, os vendedores foram comemorar a fria que haviam armado para Honestino, quando em meio aos birinaites, souberam por tele

fone, que nosso herói havia vendido o "carrão à vista" para uma outra agência por CR$ 1.000,00. Tradução: "os malandros não receberam nada, os donos de outra agência compraram uma m. de carro e o suposto "otário"embolsou uma grana na maior moleza."

A permanência de Honestino trabalhando na União e Indústria foi relativamente curta, cerca de quatro meses, mas serviu para infernizar a vida dos incautos de Três Rios e localidades periféricas, somente sendo encerrada após seu chefe receber uma comissão de comerciantes e pastores evangélicos, que haviam sido ludibriados pelo mesmo, ao lhe emprestarem dinheiro a "modestos" juros de 15% mensais, recebendo em garantia alguns chequinhos, pré-datados e sem fundos.

"Cuspindo marimbondos" as "vítimas" queriam formular queixa e representar contra Honestino, mas logo desistiram da idéia, pois ao examinar os cheques, o chefe constatou que os mesmos não possuíam nome do correntista e nem número da agência, melhor dizendo, eram cheques frios.

Cabisbaixos e desanimados os reclamantes foram saindo de fininho, enquanto Honestino tratou de arranjar transferência para um longínquo núcleo da PRF no nordeste, onde se aposentou anos mais tarde e pouco depois, Mooorréu.

É mole ou quer mais?

Obs.: Esta historinha nos foi contada pelo companheiro Theobald.