terça-feira, 20 de novembro de 2012

A TRAJETÓRIA DO INSPETOR ARNOLDO EMILIO KLIPPEL NA POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL


A TRAJETÓRIA DO INSPETOR ARNOLDO EMILIO KLIPPEL NA POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL


















No início de 1939, o jovem Arnoldo Emilio Klippel,morador na cidade de Petrópolis-RJsoube que haveria concurso para ingresso na Polícia Rodoviária Federal,junto com um amigo foi até a Residência da Comissão de Estradas de Rodagem localizada em Petrópolis para se informar das condições do Concurso chegando,foram informados de que o concurso encerraria naquele mesmo dia às 16 horas impreterivelmente e que eles não teriam tempo para juntar os documentos exigidos. O jovem Klippel insistiu para que o funcionário lhes fornecesse a relação de documentospois sabia que conseguiria reuni-los a tempo. Diante de tanta insistência o funcionário lhe comunicou que os documentos exigidos seriamAtestado MédicoAtestado de Vacina e Atestado de bons antecedentestodos devidamente registrados em cartório (exigência da época), e ressaltou que se eles conseguissem os documentos  iniciariam as provas com 10 pontos ganhos pois tinha certeza que não conseguiriam. De posse da relação dos documentososdois saíram apressadospois não poderiam perder um minuto sequerKlippel usando oprestigio de seu paipessoa conhecidíssima em Petrópolisprocurou de imediato o médico depaterno que prontamente lhe forneceu os atestados médicosencaminhando-os ao Posto deSaúde onde conseguiram o atestado de vacina na hora.

seguirforam até a Delegacia de Políciapois o delegado também era amigo de seu pai. O atestado de bons antecedentes também foi conseguido na horaCorreram para o cartório para registrar todos os documentos. De posse dos documentos solicitados dirigiram-se até a residência da CER chegando ,ainda faltavam alguns minutos. O funcionário ao vê-los chegar  foi avisando que não adiantava perderem tempo com argumentospois o tempo estava se esgotandofoi quando Klippel apresentou toda a documentação solicitadapara espanto do funcionário que foi obrigado a cumprir a palavra e garantindo os 10 pontos prometidos. O concurso era bem diferente dos atuaishavia 120 candidatos para 11 vagas. No final, para surpresa do funcionário da Comissão de Estradas de Rodagem o amigo do Inspetor Klippel ,Álvaro de Oliveira Rigoclassificou-se em primeiro lugar e ele em segundo lugar. E assim, em 01 de agosto de 1939, era admitido o ''Inspetor de Tráfego'' Arnoldo Emilio Klippel.

Com a primeira farda comprada na Cooperativa dos Rodoviários e paga em 10 parcelas mensais, o Inspetor Klippel foi designado para trabalhar em um Posto novo recém criado em Paraibuna, divisa com o Estado de Minas Gerais. O deslocamento era um sacrifício, pegava um ônibus em Petrópolis até Três Rios, pernoitava lá e no dia seguinte seguia viagem em outro ônibus até Paraibuna, local onde havia somente um armazém e uma igreja. Se houvesse necessidade de deslocamento para atender alguma ocorrência, essa seria através de carona em veículos que passavam pelo Posto. Em seu primeiro dia de trabalho, ao fiscalizar um veículo nacancela existente na estrada, deparou-se com seu ex comandante no Exercito. O militar, comtoda sua arrogância costumeira ,de pronto lhe perguntou se sabia com quem estava falando,pois ele era o Capitão Gumercindo, Klippel no mesmo tom, lhe respondeu:'' e eu sou oInspetor Klippel da Polícia Rodoviária Federal''. Foi um inicio difícil, sem nenhuma preparação, sem as mínimas condições de trabalho. Logo em seu oitavo dia de trabalho, deparou-se comseu primeiro acidente.

Chamado para atender uma ocorrência no local denominado Serraria, teve que pegar uma carona para fazer o deslocamento. Era um grave acidente envolvendo um caminhão carregado de café e um automóvel particular. Diante da situação, Klippel, sem saber como proceder, para sua segurança fez um desenho do que viu no local do acidente. Ao apresentar o desenho do acidente para o Eng. Chefe Murilo Bretas Peixoto, este aprovou a inovação que passou a ser usada por todos os Inspetores de Tráfego. Nascia ali o croqui, que devidamente aperfeiçoado, é usado até os dias de hoje. Também a inovação lhe valeu a primeira promoção, foi transferido para trabalhar na estrada Rio - Petrópolis. Klippel por dominar bem a língua alemã teve algumas vantagens em sua carreira como em 1959 quando foi designado para servir de intérprete das delegações da Rússia e Bulgária durante o Congresso Internacional de Estradas de Rodagem. Foram 15 dias junto às delegações instaladas no Hotel Copacabana Palace. Após o Congresso as delegações viajaram a São Paulo para conhecerem as plantações de café e o levaram junto. Em São Paulo, foram recebidos pelo Governador Ademar de Barros que lhe deixou impressionado por sua maneira de ser e sua facilidade em falar diversos idiomas como o alemão, frances, espanhol e inglês. Nessa viagem ,um fato ficou marcado.

A delegação Russa queria ver o Pelé jogar e pediram para ele falar com o Governador. Este chamou seu assessor e perguntou qual seria o próximo jogo do Santos. O assessor ,verificando a tabela do Campeonato Paulista, informou que a equipe do Santos deveria jogar em Campinas com o Guarani. O Governador mandou então transferir o jogo para o Estádio do Pacaembu na capital paulista, e os Russos ,então, puderam satisfazer o desejo de ver o gênio Pelé jogar. Em 1970, também como interprete, participou da solenidade de lançamento da pedra fundamental da construção da Ponte Rio - Niterói, onde teve o prazer de cumprimentar e também trocar algumas palavras com a Rainha Elizabeth da Inglaterra. Sempre que um novo Núcleo de Polícia Rodoviária Federal era criado, o Inspetor Klipel logo era enviado para fazer o treinamento dos novos patrulheiros. Mas o fato que marcou sua carreira foi a criação da ''União dos Inspetores de Tráfego do DNER, a Casa do Inspetor''.

O Insp. Arnoldo Emilio Klippel, deixou seu nome marcado na História da Polícia Rodoviária Federal, com a criação da primeira entidade de classe fundada para lutar pelos direitos dos Policiais Rodoviários Federais. A falta de estrutura jurídica da Polícia Rodoviária Federal gerou por parte do Serviço de Engenharia excesso de ciúmes e até pequenos conflitos entre engenheiros, e policiais, que passaram a ser vítimas de ordens absurdas, sem direito a reclamar, reivindicar ou sugerir melhoramentos no serviço etc. havia falta total de entrosamento entre o Serviço de Engenharia e Policiais Rodoviários Federais, visto a proibição de qualquer entendimento pessoal sem estar devidamente autorizado por memorando ( que dificilmente eram conseguidos) fato que causou diversas demissões por justa causa. Diante dessa situação quase insuportável, indiferente e humilhante, o Insp. Klippel, incorrendo até em possível demissão, não se intimidou e passou a planejar a criação de uma entidade de classe que pudesse intervir e lutar por seu direitos. Fazendo uma análise de seus companheiros, pesquisando o caráter e o companheirismo de seus colegas de trabalho, selecionou 13 companheiros de sua inteira confiança para uma reunião em sua própria casa em Petrópolis. Após várias reuniões, finalmente, em 15 de setembro de 1947, devidamente legalizada e registrada, era fundada por Arnoldo Emilio Klippel, Dario Raposo Borges e Otacílio Alves de Souza a UNIÃO DOS INSPETORES DE TRÁFEGO DO DNER, conhecida também como A CASA DO INSPETOR.
Com a documentação em mãosmas com certo receio devido não saber qual seria a reação do diretor do DNER, o Inspetor Klippel acompanhado de oito colegas dirigiu-se até o Diretor Geral apresentando a sua criaçãosendo,  para surpresa geralaceito sem restriçõesDurante sua carreira, o InspKlippel  além de vários cursos  e treinamentos efetuados a policiais na sede do Distrito ainda esteve prestando serviço durante um mês no Ceará e Rio Grande do Norte; dois meses no Paraná;  um mês na Transamazônica, no serviço de sinalização da rodovia em Marabáseis meses na Bahia, na rodovia BR 8 (324) que liga Salvador a Feira de Santana.  O InspKlippelquando de sua estada em São Paulo para auxiliar na criação do Núcleo de Policiamento naquele estado, fez grande amizade com o Dr. Ciro Soares de Almeidana época,Diretor do 8º Distrito Rodoviário no Estado de São Paulo. O Dr. Ciro soube da   grande paixãoque o InspKlippel  tinha pelo futebol  e o convidou para juntos assistirem à Copa do Mundo que se realizaria no Chile, em 1962.  Klippel que  estava sonhando com essa possibilidade,ficou muito feliz com a idéiaconcordando com o Dr. Ciro.  Trataram então de programar a viagemFaltando um mês para a realização da tão sonhada viagemeis que o Dr. Ciro veio a falecerFoi uma situação muito delicada que acabou com os sonhos do InspKlippel. Em respeito ao amigo, desistiu de assistir a Copa do Mundodeixando assim de ver a segunda conquista da nossa seleção Canarinho em 1962.                                                                                              
Inspetor Klippelpor sua desenvoltura e capacidade técnica que sempre demonstrou ao longo de sua carreira, inclusive por sua facilidade em falar o idioma alemão, o que lhe rendeu representar a Instituição em várias e importantes ocasiões; no período de 1958 a 1977 desempenhou suas funçõesdiretamente ligadas à  Administração Central do Serviço de Polícia Rodoviária Federal do DNER. Em 31 de março de 1977, após 37 anos e sete meses de serviços prestados à Polícia Rodoviária Federal, o Inspetor Arnoldo Emilio Klippel crendo nada mais ter afazer pela instituiçãopassou a gozar de sua merecida aposentadoriaMas  o Inspetor Klippel continua até hoje sendo lembrado por seus feitos, e em todas as solenidades  realizadas pela 5ª SRPRF-RJdurante a administração do InspPinheiro sua presença foi  indispensávelpelo que representa perante a categoria.  Esperamos que as novas administrações continuem preservando a história da PRFnão esquecendo estas figuras que plantaram a semente deste fruto que hoje estão colhendo.                                                                                                                                               
Arnoldo Emilio Klippel é hoje,”A HISTÓRIA VIVA DA POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL”.

Extraído do Livro:
História da Polícia Rodoviária Federal no Rio de Janeiro
(Jornalista Paulo Pereira)